quinta-feira, 12 de novembro de 2009

Conto: Os sonhos lhe aguardam

Eram 03:35 ou 03:30 da madrugada, não me recordo bem, só tinha certeza de meu nome, Gustavo Mantovani e o de minha noiva Monica. De resto, não havia consciência.

Lembro que estava num quarto, sentado na beira da cama todo molhado e minha boca tinha um gosto estranho, amargo.

Essa noite foi a mais terrível de dormir, cabeça doendo e memória faltando. Pela janela passava e transparecia um clarão, que achava eu que fosse o farol do trem da morte, mas não, era apenas o luar de primavera que crescia por entre os prédios vizinhos.

Sentia eu insônia, pois não sabia dormir em paz sempre que fechava os olhos me vinham na cabeça memórias, imagens bizarras e violentas do cotidiano. Olhei no relógio, marcavam 3:11 e nem se quer um bocejo sonolento se aproximava.

Rumores apareceram das paredes, ensurdecendo-me e deixando-me mais inquieto. As paredes gritavam nos meus ouvidos, mas não eram vozes. Eram como buzinas num transito, vinham de todos os lados fiquei apavorado e fugindo de mim mesmo, olhei pela janela e lá ainda estava ela, maior e mais bela que antes.

Só não pensei que fosse sonho porque não conseguia dormir, parecia um pesadelo, pois para esse não precisamos da visita de Hipnos, temos mesmo acordados.

Ainda são 2:50 da madrugada, eu devia ter ouvido o que Monica disse –Não vá beber hoje Gustavo, não conseguirá dormir!- não sei se o que ela disse era um aviso ou um pré-futuro a se cumprir, mas devia ter ouvido-a.

Como eu previa, a chuva parou por volta da 1:30 da madrugada. Acho que ontem saí para comemorar algo, acho que era uma promoção no serviço, mas talvez nem vá trabalhar hoje. Sinto-me mal, não recordo muito o que houve (não lembro dos fatos corretos), apenas lembro de Monica olhando o relógio na parede do REAL onde marcava 23:53 e dizendo -Vamos Gustavo, antes que chova!-. E depois disso, lembro de correr na chuva, até em casa, enquanto ela caía sobre meus cabelos lisos e castanhos, talvez seja esse o motivo de ter chegado molhado.

Agora que notei, não sei se é ausência de lucidez ou se estou retrocedendo inconscientemente no tempo, mas acho que as horas estão andando de costas. Se for, talvez agora devesse ouvir o que Monica dizia.

Monique R. M. da Paixão

(12 de Novembro de 2009)

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Porque, aliás, não posso falar. Então escrevo...