terça-feira, 26 de outubro de 2010

Dor de ter que viver e não sonhar

Para um mal que me acolhia, receitaram-me o tempo,
Disseram que nada haveria para curar-me, senão isto.
Como passe de mágica, eis que tal surgiu,
E sem medo nem azedo, entornei-o em mim -o tempo-
Ele parou, voltou, andou rapidamente e parou, parou onde estava
E eu ali, refletindo sentada sobre o tempo que tomara
Sem saber onde estar, andar, percorrer ou parar
Deixei em mim ficar a dúvida, a que nunca me abandonara.

Me receitaram um dia o amor, para a dor que me acolhia.
Disseram que passaria e nada mais havia de curar, senão isto
E como fantasia, ele chegou em mim e quis ficar,
Com coragem e doçura aceitei, entornei-o em mim -o amor-
Ele ficou, não parou, quis ser meu e roubou o coração que me tinhas.
Fiquei assim, estagnada, refletindo-me no amor que me tomara.
Sem saber onde eu estava, andava, fiquei jogada aos "bem-me-quer"
Deixei assim de ser rainha, tornando-me plebéia sem querer.

Por tudo que me tinhas de ruim, receitaram-me os sonhos.
Falaram-me que apenas isso salvaria-me, levaria-me a viver
E como doce realidade, sem tempo, amor, maldade...adormeci.
Demorou-me um certo tempo, mas o ardor me fez sentir
Olhos meus cerraram-se e como belo anseio, entornei-os em mim -os sonhos-
Ele chegou, me levou, viajou-me a memória, saiu e voltou, retornou e ficou.
Fiquei deitada, sonhando acordada, a face ilustrada e um sorriso de canto e encanto
Sonhei-me em sonhos por onde andava, fugia, ficava e parava,
Deixava em mim o medo de acordar, a dúvida de viver, a ânsia de tocar.

Me perguntaram, dos males que me acolheram, que cura obtive.
Falei-lhe da história, dos sonhos que com o tempo ganhei do amor,
Das dores que causara-me as receitas de viver e respondi:
Apenas vivendo se aprende a crescer,
Com o tempo tu aprendes a amar e com o amor tu realizas teus sonhos.
Se serves de consolo, estou bem. Bem ao lado de meus anseios,
Do tempo que tenta correr, do amor que não sabe onde estou
E dos sonhos, que criei por não querer viver.
Sonhos de quem foge da realidade, de respirar e ver se esvair quem sou.

O medo te aproxima da realidade; Talvez não possamos viver uma vida idealizada, mas podemos avivar nossas idealizações. 

sexta-feira, 8 de outubro de 2010

Sakura's de todas as tardes e meus pensamentos

A dor lateral já não me assola tanto quanto tua presença
Que o vento traz em forma de orvalho frio
Junto com o calor do anoitecer
E as Sakura's que pensei ter ouvido.

Não é um laço que me prende a alguém,
Mas sim que me afasta.
"De dois em dois" disse Deus a Noé,
Se sempre fora assim, por que pôs-me sozinha ao mundo?

Não é ato de reclame, tampouco palavras opostas
Mas estamos sujeitos a tanto, tantas divinas peripécias
Que se a água turva fosse como o óleo,
Não se mesclaria na cristalina e azulada água.

Meus pés doem, vibram, latejam
Como se estivessem mortos, embora estejam apenas dormindo
Como todo o resto de meu corpo, inerte
Que sente o tédio alheio a distância.

Águas claras vejo, porém amarelas e não azuis.
Agora resta-me o frio e a pele arrepiada
Que sós estão comigo em vão, por opção.
Um pedido, se tiver a dádiva de fazê-lo:
Que o vento deixe meu inverno marcado em seu verão.

Monique!
27-08-2010