sábado, 5 de outubro de 2013

A voz do silêncio: Um monólogo presente.

"É mil vezes preferível uma voz que diga coisas
Que a gente não quer ouvir, 
Pois ao menos as palavras que são ditas
Indicam uma tentativa de entendimento." Martha Medeiros (2005)

Inicio esta prosa com tal poema de M.M. pois é o que vivemos. É o que nos tem propiciado coisas e não nos propiciado outras. 
Cômico é o meu jeito de escrever neste meio enquanto escuto a velha bossa nova de Vinícius e Jobim. Digito como quem toca a um piano, como quem acompanha as notas musicais de uma canção em lá maior. Mas é aqui que estou e não lá. Então o meu apertar de teclas se resume em letras... faz-se aqui a história que quero contar, já que assim, segundo Medeiros, indico uma tentativa de entendimento.

Enfim, fui surpreendida com um turbilhão de sentimentos, de memórias, 'desalegria', contentamento... Senti desde o suor frio nas palmas das mãos até as palpitações de um coração acelerado e incrédulo do que via.
Me deparo com uma pequena prosa e um arquivo no qual me dilacerei concomitantemente a alegria que me tomava. - Essas sensações poderiam se repetir diversas vezes, ok! Sinta-se à vontade para o REpetir -

Confesso que ao apertar o 'play' não me continha - "...como você está?" - Já desci a mão sobre o pause e sai a caminhar pela casa. Não me continha em ficar estagnada num banco a admirar a tela. Precisava andar, a energia corria pelas extremidades de meus dedos. Retomei. Retornei a ouvir tais ditos. As faces que me tomavam o semblante eram as mais variadas. Desde raiva, nostalgia (essa sempre presente), comicidade, alegria, arrependimento até os risos e sorrisos mais escandalosos ao ouvir os 'desdizeres' daquele qual dizia. Como já citado por mim ao Autor, apesar do teor contido em tal monólogo, encaro-o como um presente. Como poderia eu, um ser com uma mente/segmento tão intenso e puerio viver sem ter o timbre, o tom desta voz em meus ouvidos? Como eu poderia? Jamais, me desconheceria se um dia preferisse o silêncio a uma conversa.
Logo, após ouvir de forma repetida os mesmos doze minutos e cinquenta segundos que fora me oferecido em "resposta" a lástimas descritas e escritas por mim, pude então notar que é recíproco - posso estar tremendamente enganada, mas, que esteja então - essas 'coisinhas' que tanto guardo. 

Não sei como posso ser assim como sou, mas sei que sou. Estou a ser. Eu desejava -confesso- que todos fossem assim como sou (nesse quesito, apenas) de não guardar coisas ruins, de só conseguir guardar as coisas boas que existiram e que para sempre haverão de existir. Coisas como os olhares, os sorrisos instantâneos daqueles dois que se encontram por acaso nas esquinas, as conversas sem sentido porém muito engraçadas, os pedaços de papéis escritos, algumas poucas frases de efeito advindas da boca de determinada pessoa, dobraduras, segredos bobos, lugares visitados... enfim, coisas que só tem real significância para as pessoas que a viveram e mais ninguém. Coisas essas que "são reais, são fieis ao tempo e realmente não mudam." Se um dia alguém ouvir 'minhas' palavras dizendo "Você me magoou." ou "Você foi um erro em minha vida.", creia, não sou eu a dizer. Nem eu, nem meus pseudônimos, heterônimos... meu corpo não falaria isso, minha alma não sentiria isso, meu eu não diria jamais tais palavras.

Sei que é de uma erroneidade imensa dar esperando receber em troca, porém cometo tal equívoco quando escrevo aqui em meu NPFEE. Mas convenhamos, monólogos eu faço a sós com meus cadernos e canetas quando escrevo e guardo as inúmeras folhas numa gaveta, faz-se com o celular a gravar e deixar salvo nos rascunhos... Só existirão em memória (dos objetos).
Eu quero mesmo é o diálogo, as palavras ditas e não ditas, quero o "Olha... não falei tudo que deveria falar, mas, falei." Fez de mim alguém mais contente; Nessa vida na qual tudo é motivo de pranto e dor, isso é elixir!
      
Dentre todos os poemas que leio e todas as canções que escuto exigi a mim própria que este trecho constasse neste post em questão. Trecho do cantor italiano que mais gosto, desta língua que mais acho linda, para a pessoa que tanto admiro, minha total veracidade...

"Ricorderò e comunque e so che non vorrai"

... porque as quatro primeiras linhas de Saudosismo de Caetano são reais, porém não o bastante.

Um comentário:

Porque, aliás, não posso falar. Então escrevo...