terça-feira, 18 de fevereiro de 2014

Se meus dias estivessem contados...

* Primeiro post de 2014 sendo uma bomba passada *

São estes momentos nos quais me pego relendo rascunhos inertes é que me reconheço de fato, que tenho a oportunidade de me sentar comigo mesma e debater com esta que me veste o que a outra de mim pensa sobre o que falo de mim a mim mesma. Enfim, é comigo que me perco e me encontro em pensamentos.
Este que está descrito abaixo fora escrito entre os meses  nove e dez do ano que se passou e apenas hoje -sim, embora haja coragem, o medo de que o universo escute as palavras escritas e as façam reais reina em mim.- enfim, apenas agora deixo-as às claras, pois de fato e comprovadamente: 
A sanidade, a saúde e a saudade em mim ainda vive. E viva!  

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Só de pensar que comecei a escrever em um bloco físico o Se meus dias estivessem contados por mera vontade de registrar em outros meios minhas reais ideias e desejos... Hoje me deparo com um real sentido para escrevê-lo. Tristemente, meu subconsciente já cogitava tal peripécia do destino para tirar-me deste mundo.

Desestabilizou-me o psicológico um ato que seria inofensivo. Minha amada curiosa a mexer em meus pertences, com o meu consentimento falho, verifica folhas antigas minhas, exames datados de abril e tomou-a a curiosidade em saber os resultados. Resultados esses inexistentes, já que não dei procedimento em tais exames. Nunca fui fã de hospitais ou qualquer pessoa que se vista inteiramente de branco... Assombrações, vão de reto! rsrs
Enfim, ela como mestre sabes bem de muitas coisas que não sei. Uma delas é o significado de uma palavrinha assustadora, pois, o motivo dessa palavrinha estar constata ali já me entregaria ao caminho obscuro do 'deixar de viver'. O simples fato de possuir determinada doença já me consumiria mais que a própria. Eu já tenho o medo instalado em mim ao ouvir tal palavra, já me corrói a alma o fato de pensar nisto, já me enterra os sonhos e as realidades que poderia vir a conquistar, já me enterra com toda a dor que me causaria e que dominaria também àqueles que estivessem comigo na luta de vencê-lá.
Minha amada curiosa ficou preocupadíssima. Ela sabe bem as complicações e a ausência de vitalidade em tais casos, pois fez disso seus estudos, estando próxima o suficiente de pacientes totalmente exauridos pela enfermidade: "É muita tristeza, dor a ausência de vida... indigno a qualquer um esse fim..." dizia.

Quero deixar tal trecho de meu querido e meu preferido heterônimo de Pessoa - Álvaro de Campos - os versos dos quais temo ser reais. Não posso aceitar - ainda em vida - que tais sigam a linha da verdade:


"Depois, lentamente esqueceste.
Só és lembrado em duas datas, aniversariamente:
Quando faz anos que nascestes, quando faz anos que morreste.
Mais nada, mais nada, absolutamente mais nada.
Duas vezes no ano pensam em ti.
Duas vezes no ano suspiram por ti os que te amaram,
E uma ou outra vez suspiram se por acaso se fala em ti."


Eu não me enquadraria em tal verso, eu choraria mais que duas vezes. Choraria mais que a quantidade de dias a chover na cidade. Choraria e riria, como medida desesperada de consolo pela ausência dos que amo e não mais estivessem aqui.
[...]
Não pude evitar minhas lágrimas ao escrever este post, principalmente ao iniciar uma antiga cantiga de Cartola, já que a vida é um moinho, eu queria ser a água corrente. E sou a água corrente, que move a vida, dá-lhe um sentido e se vai:

"Ainda é cedo, amor
Mal começastes a conhecer a vida
Já anuncias a hora de partida
Sem saber mesmo o rumo que irás tomar." 

E findo este, em lágrimas, com um trecho de Guilherme Arantes:
"...um dia, um adeus e eu indo embora."

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Porque, aliás, não posso falar. Então escrevo...